segunda-feira, 29 de junho de 2009

UMA CLIENTE NA SEGUNDA-FEIRA

Antes do celular, tudo era mais difícil. Eu tinha que ficar plantado no meu escritório, ao lado do telefone, à espera da ligação dos clientes. Mesmo com a possibilidade de deixarem recados na secretária eletrônica, muitos deles se envergonhavam e desligavam o aparelho antes de qualquer mensagem. Agora, tudo mudou. Qualquer um pode me ligar a qualquer hora. Meus números estão na internet e nas Páginas Amarelas. Meu e-mail também. É moleza entrar em contato.
E, em meio àquela tarde quente de segunda-feira, recebi a ligação de uma mulher chamada Marta. Ela queria encontrar-se comigo no dia seguinte. Pedia que eu descobrisse algo muito importante para ela. Logo imaginei o que seria: a amante do marido. Geralmente é isso. E já fiquei feliz, pois esse é um dos serviços mais fáceis de serem feitos.

Basta seguir o sujeito por sete dias e pronto. A maioria desses caras encontra a amante uma vez por semana. Quando ele já não tem um apartamento montado pra isso, procura algum motel distante. A vantagem de Brasília é que todos os motéis são distantes. Mas isso não dificulta meu trabalho. Pois, aqui, os motéis ficam todos juntos. Então eu sempre sei a direção que o suspeito segue. Aí tudo fica fácil. Monto uma tocaia e fotografo o casal dentro do carro. Sigo a mulher e faço uma ficha completa de sua vida. Onde trabalha, com quem mora, o que faz para se divertir. E entrego para a minha cliente. Era isso o que eu esperava com a tal Marta. Um simples caso de traição.

Se eu soubesse o que me aguardava, jamais teria atendido o celular naquela segunda-feira.

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