sexta-feira, 3 de julho de 2009

DENTRO DO APARTAMENTO

Quem mora em apartamento em Brasília sabe: tem uma hora do dia em que os porteiros sempre somem e ninguém sabe para onde vão. Um mistério. Foi em um desses momentos que aproveitei para entrar na prumada e subir até o andar do falecido. Abri a porta com cuidado e entrei depois de me certificar que não havia ninguém por perto.

Á primeira vista, era um imóvel normal de um rapaz solteiro. Uma sala com sofá e TV, uma mesa cheia de papéis, dois quartos (um dormitório e um escritório com computador), um banheiro, cozinha e varanda. A cama estava desarrumada e cheia de roupas espalhadas. Olhei rapidamente nos armários e não encontrei nada suspeito. Segundo o relatório da polícia, Paulo cortou o pau dentro da banheira, jogando o membro perto do vaso sanitário. Ele deitou-se dentro da água morna e ficou ali até morrer. Abri um dos armários do banheiro e vi uma pilha de revistas pornográficas. Totalmente normal para um rapaz nessa idade. Mas o que me chamou a atenção foi que algumas delas sequer tinham sido abertas. Ainda estavam no saco plástico preto em que são vendidas nas bancas de jornal.

Fui até sua estante de DVDs e encontrei muito mais pornografia. É, o garoto gostava mesmo disso. Eu apostaria um milhão de dólares que o computador teria ainda mais putaria. Dito e feito. Muitos gigabytes da mais pura e saudável sacanagem. Não achei nada que lembrasse pedofilia, zoofilia, necrofilia ou qualquer aberração sexual. O menino parecia normal até ali. Mas, quando resolvi acessar seu histórico do navegador de internet para ver os últimos sites visitados, tive a surpresa: Paulo passara seus últimos quatro dias de vida acessando, ininterruptamente, diversas páginas de pornografia.

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