quarta-feira, 1 de julho de 2009

OS PORTEIROS SABEM DE TUDO

Tenho que confessar uma coisa: eu não gosto de futebol. Sério. Acho um esporte monótono, sem graça e cheio de gente estúpida. Mas eu leio todos os dias os cadernos esportivos e as colunas futebolísticas. Eu sei tudo sobre os campeonatos estaduais e sobre o Brasileirão. A escalação da Seleção está sempre na ponta da língua. Aí você me pergunta: por quê? Simples. O futebol é o melhor canal de comunicação com porteiros, zeladores, faxineiros, guardadores de carros e profissões desse tipo. E essa gente é a maior fonte de informações que um detetive pode ter. Eu só preciso me aproximar e começar a conversar sobre o jogo da noite passada que eles me abrem o coração. Ah, eu adoro o futebol...

Foi o que eu fiz com o porteiro do finado Paulo. Assim que vi um adesivo do Flamengo grudado no caderno velho onde ele anota as correspondências, perguntei quanto tinha sido o jogo do domingo. E me pus a xingar o técnico do clube, que não escalara jogadores importantes para o clássico contra o Fluminense. Após 15 minutos de conversa, perguntei se havia algum apartamento para alugar naquele edifício. E se a vizinhança era tranquila. Tinha algum universitário por ali? Eles costumam fazer festas barulhentas...

Logo o porteiro soltou a língua. E falou sobre um rapaz que tinha se matado. Ele morava sozinho e estava há quatro dias sem sair do apartamento. Até que sua mãe chamou a polícia e arrombaram a porta. Uma tragédia.

- Ele tinha muitos amigos? Havia dois colegas de faculdade que apareciam com certa frequência.
- Tinha namorada? Nunca vi.
- Incomodava os vizinhos de alguma maneira? O rapaz era silencioso e educado com todos.
- Por que será que ele se matou? Talvez ele estivesse com saudade dos pais, né?

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